O manual do inseguro.com surgiu após escrever a peça O Manual do Inseguro. A princípio, o intuito era falar sobre o tema, mas logo me voltei para o assunto que sempre me moveu: Literatura. Fiquei um longo tempo afastada. Espero aos poucos reconquistar os leitores e amigos que aqui encontrei. Registro na Biblioteca Nacional n° 359.640 em 11/11/05
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Romance escrito em tempo real
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Dedico a todos os leitores e seguidores o livro virtual: O Manual do Inseguro.
Sinto-me feliz por saber que minhas palavras chegarão até você. Quem escreve não o faz para si. Sempre sonhei ver minhas palavras indo onde eu,talvez, nunca consiga ir. Os personagens então, assim como os filhos, queremos que sejam admirados, ganhem o mundo, se possível. Você que me lê agora, também escreve, siga em frente. As palavras são acessíveis a quem as ama. Nunca permita que alguém te diga que elas nunca te levarão a nenhum lugar, não é verdade. Elas te levarão a todos os lugares, a outros que ninguém conhece e, na pior das hipóteses, te levarão ao que há de mais verdadeiro no seu ser. Espero que aceitem este singelo presente. Aproveito o ensejo para desejar a todos um natal regado de muita paz e comunhão e um 2010 repleto de paz, saúde e que o melhor se realize. Sempre!
Bjs a todos e até 2010!
Para ler o livro " Manual do Inseguro " click aqui.
Por favor, alguém me informe!!!!
possa ser aberto, fazer download? Ficaria muito agradecida
por uma resposta.
Bjs
Stella Tavares
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Após uma grande inquietação
Stella Tavares
Nunca fiz o jogo do contente, mas não é preciso fazê-lo para descobrir que os caminhos da nossa vida são mensagens, pistas, setas que nos conduzem para nossa essência e o que de melhor existe em nós. Acredito que é nela que o Sopro de Deus habita.
Bjs a todos!!!!
sábado, 12 de dezembro de 2009
Vale a pena conhecer: Dora Tavares
Não se faz
De um instante
A fantasia
Nem se ordena
Com um passo
A minha dança
Não foi feito
De uma dor
O meu amargo.
Dora Tavares
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
O SENTIDO DAS PALAVRAS
Palavras sempre funcionam como um passaporte que me conduz a lugares que nunca fui. Apaixono-me por elas e não necessariamente pelos seus significados. A palavra que mais me encanta é MOVIMENTO. Encanta-me pelo som e também pelo significado. Dá uma sensação de renovação, de aglomeração, de bons resultados. Quando se faz um movimento em prol de alguma causa normalmente obtém-se bom resultado. Lembra-me também um passo de dança, a resposta da água quando se atira pedrinhas no lago. Acabei de carimbar o meu passaporte e a palavra movimento já me conduziu a todas essas imagens. Quando crio um personagem as palavras se multiplicam, salpicam, mesclam um mosaico. São palavras do personagem e não minhas. São eles que me conduzem, eles próprios desenvolvem suas histórias, seus desfechos. Em alguns trechos até encontro minhas digitais pelo texto, afinal fui eu quem escreveu, mas várias vezes já fui surpreendida por eles. Assim como Júlia, a personagem principal de “No convés do tempo” muitas vezes nos misturamos, nos transfundimos, mas ela sempre vence nossas semelhanças e apresenta-me suas peculiaridades. Enquanto escrevia No convés do tempo, andei em companhia de Júlia por todos os caminhos, visitei sua casa, sua infância, sua cidade, permaneci ao seu lado até quando ela entrou em vida vegetativa. Acompanhei-a vida a dentro e ao mesmo tempo permaneci junto ao seu leito, aguardando ansiosa por algum MOVIMENTO.
Stella Tavares
domingo, 29 de novembro de 2009
Apagando velinhas com um sopro de brisa
Stella Tavares
terça-feira, 24 de novembro de 2009
http://arteemoes.blogspot.com
PRIMEIRO ANIVERSÁRIO
AOS NOSSOS QUERIDOS AMIGOS!
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
http://regynaestevan.blogspot.com/
Queria muito escrever. Dizer aí uma coisa bonita qualquer. Ou que fizesse pensar. Às vezes dá até uma angústia. Mas é uma tal angústia que nem se diz em palavras. Só se faz sentir. Meus dias são de sol e têm flores. Têm cheiro de qualquer coisa boa, que faz sorrir. Mas tenho pensado muito em coisas minhas que ficam aqui dentro. Coisas de um eu antigo. Coisas desse eu de hoje que tento conhecer e entender. Ou a quem tento me explicar. Não sei. Nas cartas que escrevo fico cheia de idéias, pensando coisas que quero contar, a quem quero dizê-las. E essa é uma sensação gostosa, de cumplicidade. De partilha. Partilho meus dias, sensações, ambições, desejos, inseguranças. Alegrias também, que é sempre bom. Tenho livros novos, nova música boa. Saudade, e é sempre.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
http://leisdalais.blogspot.com/
Vez em quando, me bate aquela fé. Em tudo. Fé que vem naquela quinta-feira ociosa quando você pára e escuta o pio das aves que estão na árvore. Aquela árvore cujos galhos caem pelos telhados que resguardam sua casa. Fé igualmente sentida ao chegar em casa e ser recebida pelo cachorro, o qual lhe dá a certeza que alguém sente sua falta. Incondicionalmente...
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
http://averdadesobreanostalgia.blogspot.com/
terça-feira, 17 de novembro de 2009
http://apenasumponto.blogspot.com
Você está exatamente onde deveria estar
Quando eu quis mudar não foi possível: chorei, deprimi( no bom sentido, se é que isso existe), reclamei e tive que me reinventar, conquistar nossos espaços num lugar que já existia.
O tempo passou, os planos mudaram e foi aí que veio a tão esperada novidade, não era exatamente aquilo, mas era uma nova porta, um novo caminho, novas pessoas, ares e olhares...
Para continuar lendo, click aqui
domingo, 15 de novembro de 2009
http://mamao-ao-cassis.blogspot.com/
Quando pequena, lá pelos meus 8 anos, eu instruía minha irmãzinha (6 anos mais nova) a falar algumas groselhas. E uma delas era ficar repetindo insistentemente - de preferência para pessoas estranhas - a cabalística frase "Eu como flor" (que ela reproduzia com sua vozinha de neném "Eu como fôr...")
Maninha me convidou para passar um final de semana em sua casa há um tempo.Fazia tempo que não passávamos momentos juntas e achei que iria ser muito legalll...
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009
http://memoriasvivasereais.blogspot.com/
Tratam-se De VIDAS. Preciosas, meu Deus! Diàrio de um Professor preocupado
Tratam-se De VIDAS. Preciosas, meu Deus!
Diàrio de um Professor preocupado
(Leiam, POR FAVOR, Amigos (as), até poderão gostar! Quem Sabe?)
MUITO OBRIGADO...!
Quando a noite cai sinto uma melancolia de difícil entendimento. Percepção complexa.
Sinto-me feliz e fico atrapalhado por os outros não o estarem.
A noite sucede ao dia e surgem-me momentos.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
http://vieiracalado-poesia.blogspot.com/
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
http://bruxinhaalegre.blogspot.com/
Diga NÃO à violência contra as crianças!
Proposta da Roberta do blog Mix Cultural.
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
http://livinha27.blogspot.com/
Se fico na ponta do pé, talvez ao alcance, algo esteja,
no giro, quem sabe, rodopiando às voltas de uma mesa,
cheia de incertezas,
mas se me sento, pernas abertas e retas
sou ponteiro d um relógio, que avisa que
a hora é esta...
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009
http://ohomemeamente.blogspot.com/
Sonho, Sonhar
Podemos definir os sonhos como uma vida abstracta, vivida no subconsciente ou no consciente, onde visualizamos ou planeamos alguma realização ao nosso gosto. É comum muitas vezes focarmos a realização dos nossos sonhos e expectativas sobre alguém...
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quarta-feira, 4 de novembro de 2009
http://cerante.multiply.com
Algumas palavras
Tenho algumas palavras no cio
Outras prestes a nascer
Algumas esquecidas
Num poema inacabado...
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terça-feira, 3 de novembro de 2009
http://tertulhas.blogspot.com/
Back to my own Yellow Brick Road
Ah, os caminhos.... os caminhos pelos quais a vida nos leva... e os caminhos que criamos para nós mesmos… nossas « estradas » !Penso muito em Dorothy (Judy Garland) no filme “O Mágico de OZ” (“The Wizard of OZ”, MGM 1939) que, depois de ter sido levada por um tornado de Kansas a OZ, colocou-se a caminho para encontrar o Mágico, que morava na cidade de Esmeraldas, pela estrada dos tijolos amarelos (the yellow brick road) que estava, como Dorothy previu, « Over the Rainbow »! Caminhando e cantando – nenhuma relação com a música de Geraldo Vandré - ♪ ♫ We’re off to see the Wizard…
Para continuar lendo click aqui.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
http://entremeios-angela.blogspot.com/
Algumas considerações sobre Agonia e Êxtase
Estava tomando vinho com alguns amigos e a conversa rolava solta quando uma amiga começou a recordar-se de uma passagem de sua infância...
Para Continuar lendo click aqui.
domingo, 1 de novembro de 2009
http//deliriospoeticos.blogspot.com
em que talvez encontres
o portão de uma velha casa...
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Uma enriquecedora parceria
Stella Tavares
Convido a todos a enviarem textos de sua autoria ou de outros autores, receitas, poemas que serão publicado com nome do autor e endereço do blog que enviou. Podendo inclusive ser um texto já postado, mas que retrate bem a essência do blog ali representado. Os textos podem ser enviados através do email: stellatavares@yahoo.com.br.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Vida real
Nunca me esqueci daquele menino e suas fantasias compulsivas que iam crescendo e se agigantando. Nunca mais o vi, mas deve estar com uns vinte seis, vinte sete anos. Torço para que aquela mania de grandeza tenha sido apenas uma fase, pura fantasia de criança e que, com o passar do tempo tenha descoberto como é confortável ser o que realmente somos e que tenha aprendido a se encantar com a própria vida.
Stella Tavares
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Para onde vai o seu olhar?
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Entre o lúdico e o real
domingo, 27 de setembro de 2009
Um bicho de sete cabeças
A primeira entrevista que fiz a cerca da insegurança foi no ano de 1990, quando comecei a trabalhar o livro “O Manual do Inseguro” Lembro-me que disse a uma pessoa amiga se ela poderia me conceder uma entrevista . Lembro-me que ela prontificou-se, marcou data e hora com grande entusiasmo. Na hora marcada adentrei em sua sala e ela recebeu-me com um sorriso e uma cerimônia que não mais existia entre nós. Éramos íntimas e já tínhamos pulado esta etapa fazia algum tempo. Achei que o melhor a fazer seria colher o primeiro do que seria uma série de depoimentos . Nunca mais consegui esquecer a expressão de Eleonora, decidi batizá-la assim para que nos tornemos logo todos íntimos. A minha pergunta foi a seguinte: ¨_Eleonora, você alguma vez já se sentiu insegura? Senti que a partir daquele momento todos os salamaleques e rapa-pés seriam interrompidos. Ela fuzilou-me com os olhos e disse com voz grave:_Pareço uma pessoa insegura?_Claro que não. A pessoa não precisa ser insegura para sentir insegurança. Pode acontecer em diversos momentos da nossa vida. infância, adolescência, no primeiro dia de aula, antes do primeiro beijo, sei lá... O que interessa é a maneira como lidamos ou nos libertamos. Conheço pessoas que passaram pela vida sem nunca conseguirem esta libertação. Sempre acreditei que falar abertamente sobre o assunto, trocar experiências, poderá ajudar a muitas pessoas... _Pois eu lhe asseguro que comigo isso nunca aconteceu. Não sei do que você está falando e até acredito que você esteja perdendo tempo comigo. Não tenho como lhe ajudar. Daquele momento em diante percebi que a entrevista havia terminado, quiçá nossa amizade. Agradeci e voltei para casa. A minha vontade a princípio foi parar por ali. Nunca mais tocar nesse assunto que, aos poucos fui descobrindo, mais parecia um bicho de sete cabeças para tantos. Acredito que causaria menos estranheza ou dissabor se lhes perguntasse se eram egoístas, se mentiam com freqüência, com quantos anos perderam a virgindade..Descobri que o mundo estava cheio de pessoas seguras que se ofendiam por falar no assunto.. A amizade entre Eleonora e eu nunca mais fora a mesma. Quando comecei a escrever esse blog imaginei que não teria seguidores, mas tive a grata surpresa de conhecê-los e trocar experiências de forma tão verdadeira, enriquecedora. Mudou a década, o século, ainda assim, de vez em quando ainda me deparo com algumas Eleonoras, mas o que mais conheci foram pessoas generosas e que estão sempre dispostas a colaborar e enriquecer ainda que anonimamente. A todas essas pessoas anônimas e também aos meus bravos, queridos seguidores e leitores recebam o meu carinho, admiração e alegria por tê-los sempre perto .
terça-feira, 22 de setembro de 2009
A alegria nossa de cada dia
Quem disse que só o sofrimento ensina? A alegria também é uma excelente professora. Ensina-nos a leveza e o quão terapêutico é um sorriso, uma gargalhada. É ela, a alegria, que nos prepara e alicerça para momentos difíceis, delicados, tristes. Ninguém está livre deles. Quando ainda não havia descoberto o poder da alegria, bastava passar por algum momento adverso para despedir-me dela sem mais delongas porque achava que adversidade e alegria eram incompatíveis. Hoje vejo que não são. Muito pelo contrário, é exatamente aí que mais carecemos de sua companhia, do seu apoio. Alegria é pródiga, generosa, acessível a todos que a buscam. E não precisa ir muito longe para encontrá-la. Nós é que complicamos quando criamos barreiras, condições para recebê-la. Quando dizemos que seremos felizes quando conseguirmos um emprego melhor, ou nos tornarmos mais magras,concluirmos um curso, nos casarmos., uma infindável lista.. Vamos afastando-a de nós, deixando-a por conta de um futuro, como se fosse ele o responsável por capturá-la e trazê-la até nós. Tem uma frase do filme “O Todo Poderoso” que é perfeita e é quando Deus (Morgan Freeman) diz: “As pessoas mais felizes do mundo voltam fedendo para casa no fim do dia”. Não é preciso que tudo esteja perfeito para começarmos a sentir alegria. Vamos aprendendo a alegria quando um acontecimento ruim não apaga tudo de bom que recebemos pela vida , todas as bênçãos que nos foram dadas e quando ao invés de listar todas as necessidades relembramos todas as bênçãos recebidas, enumerando motivos para agradecer e nos alegrar. Se não mais nos apartamos da alegria veremos que mais temos a agradecer que a pedir. Se nos apartamos dela uma única necessidade apaga todas as conquistas. Talvez porque alegria e esperança estejam sempre de mãos dadas. Foram décadas para descobrir que felicidade não é sinônimo de vida perfeita ou gente perfeita. Tudo que precisamos é de uma alma de aprendiz, estarmos sempre dispostos a aprender a melhor maneira de ser feliz.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Quando chegam as lembranças
Benditas lembranças que iluminam e povoam nossas almas e são intransferíveis, únicas assim como o traçado de nossas mãos.
Stella Tavares
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Carnaval
Acho que perdi a loucura por carnaval, mas, também já perdi a loucura por tanta coisa. Conheci outras modalidades. Inclusive, a de ser uma pessoa sem passado. Por opção. Fui retirando a sua importância num jogo que só eu sabia jogar. Cada pessoa que morria, fazia enterrar junto com elas as suas lembranças.
Foi assim que enterrei minha infância, a sete milhões de palmos da terra e achei ter descoberto a maneira mais indolor de se viver. Quando dei por mim, estava totalmente sem memórias, com dificuldade para me lembrar de coisas simples, como onde havia deixado meus óculos ou o molho de chaves.
A memória me armou uma falseta e só havia uma saída: ir ao meu encalço palmilhar cada rastro num resgate salva-vidas. Assim nasceram esses contos e crônicas, como o restaurar de uma pintura.
(Extraído do livro "O Adestrador de Sentimentos" de Stella Tavares publicado em 2007)
terça-feira, 15 de setembro de 2009
A Camisa Marron
Estava ela trocando os lençóis da cama, quando o marido parou no corredor e olhou-a de uma forma desconhecida. Estranhou aquele segundo de silêncio, onde tanto se disse e a camisa marrom, tão bem passada, parecia ter saído de uma tinturaria.
Definitivamente, não foi ela que a tinha passado. Jamais. Para passar assim, precisaria de anos de treino, o que fugia de seus objetivos. Diante daquele olhar, quem se importava em saber quem passara a tal camisa?
Lembrou-se de que a camisa estivera no cesto de roupas sujas. Mas, como pensar nisso agora, diante de um olhar tão convidativo? Queria se fartar, jogar para o alto a mãe que era, a dona-de-casa, abrir, enfim, a jaula dos sentidos. E assim fez. Sentia-se bêbada e todos os outros sonoros e sugestivos proparoxítonos.
Do fim do corredor, ouviu um barulho de água caindo e o som do chuveiro ligado na voltagem mais forte. Tentou lembrar de quem poderia estar tomando banho, já que as crianças não estavam em casa.
Num ato heróico, desprendeu-se dos braços do marido, atravessou o corredor e abriu a porta do banheiro, sem pensar muito no que fazia. Lá estava ele, seu marido, debaixo do chuveiro. Todas as gotas do mundo pareciam escorrer pelo seu dorso. Olhou o cesto de roupas e a camisa marrom lá estava. Voltou ao quarto e o dono da camisa impecável havia desaparecido.
Arlete não conseguiu entender o que vivera. Nunca contou a mais ninguém, senão para mim, já que somos comadres.
Stella Tavares
Extraído do livro: O Adestrador de Sentimentos de STella Tavares
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Reconstrução
Aqui estou a fazer uma coisa que julgava que só as mulheres excessivamente maquiadas, com os seios saltando do decote seriam capazes de fazer. Estou novamente fugindo das palavras, achava que só as prostitutas seriam capazes de fazer. Será que me transformei em uma a minha própria revelia? Não! Afora as grandes catástrofes nada acontece de um segundo para o outro. É tudo uma questão de construção.
Como aquela sala que nem minha era, mas como um espelho cristalino ora me cegava, ora despia-me a alma. Às vezes penso que a alma da gente é como um pulmão. Vai mudando de cor dependendo dos nossos abusos. Cor de grafite, sinto a cor de minha alma frente àquela sala que denunciava uma rotina, um construir de tijolinhos.
A poltrona de frente para o sol da manhã, quase posso vê-lo sentado em manhã fria, com uma xícara de chá fumegante e um pratinho de torradas que jamais passariam pelo meu controle de qualidade: Quase saídas de um incêndio! Era como ele gostava.
Um pouco de poeira na sala que ainda não fora arrumada. São oito horas da manhã e sinto-me estupidamente intrusa.
O cheiro do café fresco espalha-se pela sala e corredor.
_Você nem tocou no pão de queijo. Coma enquanto está quentinho. É assim que o Alberto gosta. Acho que todo mundo...não é? Riu meio sem graça.
_Volto outra hora com mais tempo. Pego no trabalho daqui a pouco.
_Não sei por que ele demora tanto. Saiu para comprar pão, jornal e até agora... Deve estar de papo com o dono da banca.
Senti vontade de atravessar feito alfinete, ir para casa, tomar um longo banho de água benta, esbofetear-me frente ao espelho até que o meu rosto fique da cor da minha alma naquele momento: rubra, consumindo-se em chamas ou então tirar-lhe aquele avental maldito, que tanta pureza lhe trazia. Ordenar-lhe que se enfeite, que use água de cheiro, levante os cabelos e coloque uma presilha.
Descobri naquele momento que o casamento, muitas vezes, abençoa as mulheres, mas aquele homem nada, nem o renascimento o salvaria.
Stella Tavares
(Extraído do livro "O Adestrador de Sentimentos" de Stella Tavares - publicado em 2007)
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Convite www.curabulalivroclube.blogspot.com
Bjs.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Quarto de solteira
Suas amigas foram-se casando e era sempre convidada para madrinha. Comedida, recatada, não pensava mais em casamento. Como as moças de sua época, tinha um enxoval pronto, bordado por ela, com a ajuda da mãe que era exímia bordadeira.
De quando em quando, retirava o enxoval do armário e o colocava ao sol para aliviar o cheiro forte de roupa guardada. Por ela, já teria presenteado uma noiva sem recursos, mas foi pela mãe impedida, pois acreditava que a filha conseguiria um pretendente viúvo ou desquitado, que a quisesse desposar e, um enxoval como aquele era raro nos dias atuais.
Aquele pequeno quarto parecia represar o tempo, naquela casa sem urgências, onde tudo era artesanal, sem conservantes e arroubos. Ali não havia choro, mas, também pouco se ria. As vozes não se elevavam, não existiam sobressaltos, contratempos ou agonias e nem comemorações. Uma vida morna que repelia as mudanças.
Se o tão esperado viúvo aparecesse, Luzia nem saberia o que fazer com ele e talvez nem mesmo ele se sentisse à vontade, diante daquele imaculado corpo e sem expectativas, em meio a lençóis de linho bordado em richelieu e ponto de cruz.
CONTRAPONTO:
Do outro lado da cidade, vivia Jandira, uma mulher que sorvia a vida em largos goles.
Recato não havia e o seu quarto de moça, se é que foi um dia, não deixou vestígios. Jandira parecia já ter nascido mulher feita.
Solidária sempre foi, já que atravessava a cidade, equilibrando um colchão na cabeça para doá-lo a desabrigados da sorte.
Os homens por ela suspiravam. Seu corpo ardente exalava exóticos odores.
Viúvos, solteiros, separados sentiam-se à vontade e seus corpos jamais reclamaram por lençóis bordados em cambraias de linho...
Stella Tavares
(Extraído do Livro "O Adestrador de Sentimentos" de Stella Tavares, publicado em 2007)
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
O Adestrador de Sentimentos
Não sei como você se acomoda e leva uma vida normal nas três atitudes humanas fundamentais (pessoal, familiar e social): como pode uma moça razoável, uma esposa e dona de casa, ter e conservar dentro de si fogueiras de sol e fúlgidos espasmos de luas entre nuvens? Como pode assim amansar a genialidade introspectiva sem desafinar, sem exasperar? Ah, deve ser assim mesmo. É assimilando a própria sabedoria genealógica - que lhe veio de graça, sem ser chamada e que por isso jamais pode ser expulsa, que já se inoculou no cerne e na carne de seu espírito – e é assim que você vai revelando a significação dos matizes e dos arroubos das retrospectivas e perspectivas existenciais de sua floricultura, de sua lavoura poética. E a primeira colheita encanta e alimenta tantas almas e corações sequiosos, atribulados e cooptados pelos divulgados folhetins da banalização midiática, que pretende transformar o que vê e toca numa espécie de feira de vaidades, numa espécie de “sol nulo dos dias vãos”, como diria o poeta Fernando Pessoa.
É uma bênção a florescência e a frutificação do “manso pulsar” da obra da ao mesmo tempo retraída e fulgurante Stella Tavares. Bem haja, pois. Parabéns e abraços.
Lázaro Barreto
..."Senti a escritora autêntica que sabe lidar com as palavras
de maneira intuitiva e surpreendente. Alma e poesia se fundem
em um verbo criativo. Que faça uma bela carreira".
Affonso Romano de Sant'Anna
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Sã Consciência
muito embora ninguém nunca tenha dito
de quantos anos é feita uma idade inteira
Uma mulher que deflora o tempo,
o divide ao meio, transita por suas infinitas passagens
e que aprendeu a extrair o seu poder anestésico e cicatrizante
Manuseio o tempo, mantenho-o em lugar seco, arejado
E o sorvo em forma de Alquimia.
Stella Tavares
selo/premio
Agradeço a Ângela do blog entremeios http://entremeios-angela.blogspot.com/o selo/premio Blog de Ouro. Agradeço pelo carinho e parceria. Tenho conhecido mais profundamente vários blogs, vou indicar 10 de tantos outros blogs encantadores que tenho o enorme prazer de conhecer e acompanhar. Obrigada mesmo!
1-Faces de Mulher
2-O livro dos dias dois
3- Sempre Poesia
4-Campos e Lima
5- tertúlias
6-Multiolhares
7-Intimo e Pessoal
8-Carlos Soares
9- Essencial
10- Rosemildo Sales Furtado
Regras:
1-Exibir a imagem do selo; 2-Postar o link de quem indicou; 3-Indicar alguns blogs de s/preferência; 4-Publicar as regras.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Era uma vez...
Stella Tavares
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Bendita Catarse!
Achava que não gostava de falar em público, preferia ser uma eminência parda por humildade quando na verdade não dava a cara pra bater porque era um poço de orgulho. Foi então que comecei a rir de mim mesma, a desarmar a cilada emocional em que vivia. Comecei transformando minhas experiências em uma peça teatral a qual dei o nome de Manual do inseguro. Passei a fazer entrevistas e aos poucos fui percebendo que não era nenhum E.T que tantas e tantas pessoas navegam ou já navegaram por essas águas.
Algum tempo depois escrevi um livro sobre o mesmo tema e este blog. Resultado abri todas as comportas, minei todo o campo, dei linha à pipa, enfim esgotei, mapeei, transmutei sentimentos, levei-os para o papel, para o computador, como tema de conversa, despi-me de todo orgulho... Ah, bendita Catarse! Foi o que houve. Hoje me sinto uma pessoa mais forte, mais convicta. O outro e a opinião alheia têm o valor que lhe damos. Hoje me conheço e esta é a poderosa arma que descobri. Sei o que me satisfaz e o que me agride. Consigo conduzir melhor os meus sentimentos e isso não é fruto exclusivo do passar dos anos. É a lei da observação, dos ensaios e erros, do baixar a bola e me enxergar exatamente como sou. Reconheço o que faço com mais facilidade, o que preciso de ajuda para realizar, o que não consigo realizar, sem me sentir diminuída por isso. Como é confortável ser o que somos, sem máscaras, sem pretensões. Bato muito nessa tecla, mas a base de tudo é nos libertarmos do orgulho. Esse grande ditador e suas descabidas exigências.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Leite de Pedra
Não preciso de balde, nem banquinho. O leite extraído de pedras não goteja de tetas e sim dos obstáculos que aprendemos a alquimia de transformá-los em
Leite de mãe que nos reforça, de via láctea que escorre. Leite de pedra alimenta nossas almas, faz amadurecer sentimentos e tem o sabor que quem experimentou nunca esquece.
Stella Tavares
sábado, 8 de agosto de 2009
PROXIMIDADE
E eu tento respirar mais, mergulhar mais, reavivar os meus desgastados sentidos, todos os sete. Engana-se quem os resume a cinco. Os outros dois recebemos vida afora e eles nos revestem e aderem com a cumplicidade de uma luva.
São imprescindíveis, intransferíveis, inconfundíveis como os traçados de nossas mãos
Algumas pessoas demoram um pouco mais para descobri-los, outras, toda uma existência.
Stella Tavares
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
O Barro de que somos feitos
Eu, Stella Maris
Nunca entendi de estrelas e mares
Mas vivi grande espaço de tempo viajando
E decifrando o que me vai no íntimo
Acho que sempre gostei do avesso,
Tendência natural que me levou por caminhos
Insólitos, pouco visitados, navegados, torrentes de mim
Por um longo tempo desejei ser outra pessoa, outro tema,
Conhecer outras paisagens, possuir outro ofício,
Ter uma capa de invisibilidade ou ser igual todos os dias
Só após quatro décadas aprendi a conhecer e respeitar o barro de que sou feita,
Aliado a veias e digitais que são tão minhas
Aprendi a entender os labirintos dos meus dedos,
A extensa linha da vida e outros pequeninos sinais
que também os conheço e sei de onde vieram.
Comecei a fazer um auto-retrato como um exercício de autoconhecimento. Sempre parto do princípio de que quanto mais me conheço, me respeito, mais chance tenho de viver da maneira mais prazerosa e confortável. Conviver com um estranho sempre foi mais difícil que conviver com o melhor amigo. Ser parceiro de si mesmo, conhecer o barro do qual fomos feitos é um grande passo. Agindo assim, nunca subiremos no salto acreditando que somos a última bolachinha do pacote e estaremos conscientes que somos todos feitos do mesmo barro, mas também teremos sempre em mente que somos IMPORTANTES afinal, somos filhos de Deus!
Stella Maris Tavares Macedo (Stella Tavares)
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Sem olhar para trás Quando a depressão pós-parto se instala:
Algum tempo depois estava recuperada e pronta para ser a mãe que sempre imaginei que seria. A partir daí tive forças para seguir e procurei não olhar para trás. Tive mais duas filhas, mas esse quadro nunca mais se repetiu. Achei importante dar esse tipo de depoimento. Não quis me identificar pelo simples fato de que não quero que minha primogênita saiba que, mesmo involuntariamente, a rejeitei, ainda que fosse por um segundo.
Uma leitora do blog
Depoimento enviado através do manualdoinseguro@hotmail.com
domingo, 26 de julho de 2009
Sem Nostalgia
Como uma peça de teatro que se improvisa no palco a cada dia. Um porta retrato que aguarda pela foto que ainda será escolhida. O dia ainda se espreguiça como uma criança sem horários. Minha alma livre se agrada e se farta da total ausência de nostalgia. Como se tivesse peneirado todos os sentimentos e decidido viver apenas com o que permaneceu em cima da peneira.
Só se peneira, garimpa, refina, o que realmente tem valor.
Stella Tavares