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Romance escrito em tempo real

domingo, 26 de dezembro de 2010

Em 2011...

Nesta época do ano sempre fazia a minha lista de prioridades, de necessárias mudanças e urgente reciclagem. Hoje em dia continuo indo em busca de minhas prioridades, mas aprendi que transformações mágicas e urgentes não existem. Descobri que o primeiro passo em direção a qualquer propósito é o que realmente conta. Um passo após o outro é o que nos garante o forte alicerce, pés fortes, persistentes, prontos a trilhar o caminho rumo a tudo que almejamos.
A todos que por aqui passarem desejo que, independente da direção que pretendam tomar, que o primeiro passo rumo às conquistas e decisões seja firme, definido e com a certeza que não ficaremos para sempre a plantar. A abundante colheita virá no momento certo. Afinal sempre podemos contar com a luz de Deus a iluminar os nossos passos, a maturar nossos desejos.

Saúde, paz e uma linda construção é o que desejo a todos e que essa nossa profícua parceria continue.

Um feliz 2011 para todos!!!


Stella Tavares

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nossa bagagem emocional

Se a nossa bagagem emocional fosse trocada, quem a levasse por engano não conseguiria usufruir dos seus benefícios. Ela é intransferível e os seus benefícios também. Cada um colhe os frutos das suas alegrias, desapontamentos e até das tristezas. Agradeço e bendigo todas as experiências, inclusive as que não foram fáceis. Tiro-as da coluna do dissabor quando entendo que também é opcional o martírio com indagações como “Por que não agi assim ou por que não respondi de outra forma?” A gente faz o que dá conta, de acordo com a bagagem que tínhamos naquele momento. Quando nos desobrigamos do acerto a vida fica mais leve. Tão mais importante sempre foi a nossa bagagem emocional. Esta sim! Precioso passaporte que vamos carimbando com experiências, reforçando assim a nossa alvenaria.


Bjs a todos.
Stella Tavares

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O peso da bagagem é opcional

Levei anos a aprender a fazer uma mala corretamente. Sempre levava na bagagem três vezes a quantidade de roupa necessária. Desde menina, desde sempre. Lembro-me de uma viagem que fiz acompanhando meu pai a Belo Horizonte. Devia ter no máximo seis anos quando, decidida, comecei a escolher as roupas para a viagem. Lembro-me que ignorei completamente os conselhos de minha mãe quando disse que não teria tempo e nem local apropriado para usar toda aquela roupa.De todas as peças escolhidas, permanece na memória um conjunto de brim vermelho e que trazia a miniatura de um calhambeque preso um pouco abaixo do ombro esquerdo. Chegando ao destino, constatei o que saltava aos olhos: Não teria mesmo tempo para usar tantas roupas e suas possíveis combinações. Meu pai conversava animadamente com parentes e amigos quando tive a brilhante idéia de desfilar todos os modelitos para a pequena, mas seleta plateia. Vesti o meu imbatível conjunto de brim vermelho e desfielei com decisão perante os olhares supresos. Percebendo a intenção, os adultos paravam a conversa e assistiam atentamente ao desfile. Ao final da apresentação de todo o contingente da mala, aplaudiram entusiasticamente. Este fato tornou-se folclórico e até hoje é lembrado pelos membros da família. Foram-se os anos, mas o exagero da bagagem acompanhou-me fielmente. Há uns três anos aproximadamente aprendi a fazer uma mala compácta, mas capaz de enfrentar as mudanças de temperatura. Não faço mais a mala de Sarah Kubtscheck como dizia o meu pai e nunca mais carreguei peso desnecessário. Descobri que a bagagem mais importante levamos dentro de nós.
Stella Tavares

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Direitos autorais - Devem ser respeitados!

"Não podemos aguardar que os tempos se modifiquem e nos modifiquemos junto, por uma revolução que chegue e nos leve em sua marcha. Nós somos o futuro. Somos a revolução"
(Beatrice Brureal)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Processo por direitos autorais

Queridos amigos, saudade imensa!
Tomando os devidos cuidados, volto a postar no manual e é com grande alegria que o faço. A dor nos punhos e braços melhoraram consideravelmente e os cistos estão sendo monitorados. De tudo que vivi ficou a certeza de que precisamos nos mantermos firmes. A vida não pára e precisamos estar sempre atentos. Em 2006 fui entrevistada em minha casa para falar sobre os episódios de humor que escrevo desde a adolescência por hobby e por tanto gostar dos personagens. Trata-se de um programa de humor que existe desde os anos 70 e que foi reeditado e permanece até os nossos dias. Enviei alguns episódios à emissora por ocasião da entrevista, os últimos que havia escrito. Algum tempo depois assistia ao referido programa juntamente com minha família quando, estupefatos, nos deparamos com uma história semelhante à minha e até o título era o mesmo. Decepcionados, meus filhos disseram em uníssono: _ Mamãe, é a nossa história?! Assistimos em silêncio o episódio e logo após o fim do programa, recebi vários telefonemas de irmãos, familiariares, amigos que conheciam a história e estavam felizes com o feito, um episódio escrito por mim em horário nobre, mas logo tomaram consciência do que realmente havia acontecido e se mostraram solidários. Decidida, juntei tudo que tinha, o texto e suas evidências, testemunhas e levei até o advogado. O processo continua em andamento.
Desde então procuro manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. Também mantenho a confiança de que a justiça será feita. Ficamos um longo tempo sem juiz, o que atrasou demasiadamente o processo. Espero que a partir de agora, caminhemos para um desfecho.
Bjs a todos.
Stella Tavares

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um simples Até Logo - A todos os amigos

Uma pequena pausa, um simples até logo é o que, confiante, espero que aconteça. Fui acometida por fortes dores nos braços e principalmente nas mãos e quando digito e até quando escrevo a mão se agrava. Provavelmente farei cirurgia nas mãos e terei que me afastar do computador. Tão logo seja sanado o problema voltarei e, com imensa alegria visitarei a todos.
Aos queridos amigos que por aqui passam, um grande beijo.
Saudade enorme.
Com carinho.
Stella Tavares

terça-feira, 27 de julho de 2010

Nomes e Pessoas

Existem pessoas cuja personalidade nada tem a ver com o nome que carregam vida a fora. Conheci muitas Generosas que eram verdadeiras muralhas, se mantinham à distância, sem a menor vontade ou dom de compartilhar, ajudar, doar. Conheci Santas, endemoniadas, inclusive uma vizinha que usava os próprios filhos para segurar os “inimigos” para que ela própria pudesse espancá-los até quando forças tivesse. E não é difícil explicar tanto desacordo entre nomes e personalidades: nomes são escolhidos para bebês, puros, indefesos, risonhos, com uma moleira que pulsa nos lembrando o tempo todo quanto cuidado precisam.
Conheci também pessoas cujos nomes foram assoprados, vieram junto com o sopro de vida, acredito. Como o nome de minha irmã, Maria Auxiliadora, nome certo, totalmente em harmonia com sua personalidade, seu espírito sempre aceso, pronto para o auxílio, o primeiro socorro.
E passaram-se os anos, mudaram os costumes, as pessoas, atitudes, mas em Maria Auxiliadora nada muda porque essência não é passível de mudanças. Tanto faz se a chamamos de Dora, Dorinha, Dôra , Maria, o que importa é a sua essência, que se lhe fosse tirada seria como tirar o sentido do seu viver. Para isso nasceu Maria Auxiliadora, Dora, Dorinha, Dôra , não importa o nome que a chamamos, porque o que sempre fica é a essência que exala de suas mãos.
Stella Tavares

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Em cena aberta


Enquanto leio, extravaso meus sentimentos das mais variadas formas. Já deixei um livro sobre a mesa, para aplaudi-lo. Nunca soube muito bem o que fazer com o que sentia, mas sempre soube que o aplauso é uma intensa forma de homenagem. Outras vezes, quando leio Clarice Lispector, por exemplo, necessito de uma pequena pausa para que as palavras se acomodem, se decantem.
Já li todos os livros de Harry Potter e aguardo o filme do livro mais recente com grande entusiasmo.Tenho um filho de nove anos e outro de treze, com os quais compartilho, prazerosamente, filmes e leituras. Sempre voltamos conversando sobre o filme, comparando-o com o livro, na mesma sintonia.
Na minha infância ia ao cinema com frequência e nunca deixei de me encantar com a conexão estabelecida. Lembro-me que aplausos aconteciam, espontâneos, fazendo com que os próximos diálogos não fossem ouvidos. Alguns adultos se aborreciam e preferiam a segunda sessão para se livrar dos arroubos juvenis e eu me perguntava
se chegaria o dia em que ficaria impassível frente a um livro ou filme, mas esse dia nunca chegou. Minha alma fica em estado de graça enquanto assisto Avatar, Up, tantos filmes e livros com o poder de transportar e sinto que assim será para sempre, a cada página, a cada filme, a cada peça teatral e agradeço a Deus que assim seja.

Stella Tavares

sábado, 3 de julho de 2010

O outro lado da moeda

E eis que a ideia se aproxima. Inteira, intacta, única. Personagens recém-chegados se apresentam, perfilam, mostram seus encantos. Seduzem nossos sentidos. Bastam alguns segundos e os conhecemos como a nós mesmos. Estamos prontos a defendê-los com unhas e dentes. Traçamos seus destinos. Nesse momento somos o próprio destino ou um deus com poderes limitados por sentimentos e parcialidades. Por mais diferentes que sejam os personagens, estaremos sempre nas entrelinhas. Passamos dias, meses mergulhados em um universo de diálogos, reações. A história caminha, algumas vezes segue o seu próprio rumo. Damos uma pausa, mas os sentimentos permanecem em nós. Seguem-nos no desenrolar do nosso dia. Saímos do computador, mas o que sentimos nos acompanha pela rua, na reunião de pais e mestres, na feira. Até que chega o dia em que descansamos e simplesmente observamos. Tudo se encaixa frente aos nossos olhos. Todos os sentimentos, antes fios desencapados, agora fluem numa energia que confirma que aconteceu o que de melhor poderia. Estão todos encaminhados. Registramos a obra e aguardamos pelo que já sabíamos: São nossos filhos legítimos, sem dúvida! Encaminhamos o original ao editor e aguardamos com a alma exposta. Quanto a mim, pergunto-me se um dia aprenderei a aguardar para saber como se saíram meus filhos? Que sentimentos despertaram? Desisto mil vezes em pensamento, mas antes que perceba uma nova ideia se aproxima:

_Toc toc.

_ Não vou abrir! Digo a mim mesma, mas as ideias insistem.
Sem escapatória, permito a história se apresente, os personagens se mostrem, seduzam os meus sentidos. E eis que tudo recomeça.

Stella Tavares

sábado, 19 de junho de 2010

Sem Imposições

Quando dispo de tudo que me foi imposto, descubro-me mulher feita e reverencio minha alvenaria exposta. Só então me reconheço e respeito o barro de que sou feita adicionado a sangue, veias e digitais que são tão minhas! Inconfundíveis! Intransferíveis! E que me lembram a cada instante que sou única, criada por um Deus que sabe ser soberano sem impor sua vontade. Bendita sabedoria que deu a cada um o seu traçado, Não consigo existir pesada de influências, exigências que não são minhas.
Tão mais fácil é viver com o que se acredita, com o que se sabe, dentro de uma história escrita de próprio punho. O que se espera de nós normalmente fere a nossa essência, desvirtua e faz entristecer os nossos olhos.

Stella Tavares

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Uma importante decisão

Algumas pessoas têm o dom de resumir pessoas em poucas palavras. Como se tivessem uma lente própria e plenos poderes para julgar. Já ouvi definições a meu respeito de pessoas próximas que em nada se assemelhavam ao que realmente sou. Sentia-me magoada até o dia em que descobri que algumas pessoas são assim.Sentem-se extremamente confortáveis para apontar o dedo, julgar, se preocupar com a vida do outro como se disso dependesse a sua própria vida. Colocam suas vidas em segundo plano e gastam horas do seu bendito dia para falar mal, apontar defeitos e sem nenhuma modéstia, resolver a vida do outro em uma única frase. Acredito que seja uma espécie de fuga, enquanto centralizamos problemas alheios, colocamos o holofote em cima, os nossos próprios ficam confortavelmente esquecidos. Quanto tempo precioso perdem! Alguns passam a vida assim. De minha parte sempre admirei uma seleta e altiva caravana que passa em meio a cães uivadores. Prestando atenção, dá para ver claramente, que cães uivadores ficam estacionados no mesmo lugar enquanto a vida passa e a caravana, por sua vez, segue em frente em busca de caminhos. Viver é árduo, não basta apenas respirar. Temos nossos quereres para buscar, nossos filhos para criar e sempre resgatando em nós o que de melhor existe para norteá-los. Necessitamos valorizar o essencial, estar sempre abertos para aprendizados. Ufa! Não me sobra tempo para perder falando mal desse ou daquele, focando em defeitos alheios. Tenho os meus próprios para lapidar. De tudo isso, o que de mais importante fica é a escolha: decidi fazer parte da caravana. Até o último dos meus dias.
Stella Tavares

terça-feira, 15 de junho de 2010

Em tempo

Um pouco de mar se fez estrela
Cansado da inutilidade de ser mar
O dia se fez noite
e permeou o meu corpo inerte,
conquanto no peito,
a ferida viva fecunda o verso
e a mão delineia um poema
na morna textura do papel.

Conspiram o Cósmico e o Divino
O meu desejo de menino,
Que sonha ser feliz.

Antes que a noite se faça dia,
em que eu perverso, saudade e verso
feito homem
em tempo de perder-se a poesia.



Poema de minha irmã Fátima Tavares Bahia que foi publicado em sua página no Recanto das Letras. Deixo aqui uma bela dica de leitura. Que todos tenham um belo dia e tenhamos todos uma bela partida de futebol e uma linda vitória do Brasil!
Bjs a todos

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Secretamente

Lembro-me que havia chegado há pouco do interior de Minas e estava começando em meu primeiro emprego. À noite ainda ardia de saudade do meu quarto, do cheiro da minha casa. Todas as casas têm os seus cheiros. Hoje, não sei porque veio-me às narinas o cheiro da casa de dona Rosa. Era um cheiro adocicado de todas as quitandas guardadas na parte de baixo de guarda-louça. Lá, tinha-se a impressão exata de que as pessoas dormiam em seus postos e a engrenagem só voltava a funcionar quando chegávamos à noite para tomar café com quitandas e ouvir casos de assombração. Dona Rosa faz parte do meu quarto suspenso, deixado para trás com tudo que o envolvia. Depois de tantos anos, o cheiro de sua casa e enquanto as sensações vibravam em meu cérebro,minhas lembranças se tornaram vivas, juntamente com dona Rosa e as mulheres que serviam a mesa, com lenços brancos cobrindo os cabelos. Relembrar é uma forma de me perder, mas descobri que posso me perder também em pessoas, como na vez que me encontrei com meu pai e me perdi em suas mãos que estavam pintadas pelo tempo. Lembrei-me de minha formatura do grupo escolar, entramos de mãos dadas na igreja. Lourdes, minha vizinha, quando se formou no grupo fez cachos nos cabelos e eu fiquei encantada, parada na porta, sem conseguir entrar. Prometi a mim mesma que também faria quando chegasse a minha vez, mas não fiz e nem me lembro porquê. Nunca pensei que existisse espaço para tanta saudade em um único ser. Acho que necessito de um grande segredo, quem sabe sair de casa à tardinha e voltar pra casa mulher. Assim, de repente. Ninguém jamais saberia, jamais contaria.

Stella Tavares

Remexendo em papéis , deparei-me com essas divagações. Ando meio nostálgica e acho que a culpa é da falta do meu computador. Tão logo ele esteja de volta, pretendo colocar todas as visitas em dia e rever todos os amigos. Espero que apreciem relatos antigos, quase secretos.
Bjs a todos.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O caminho de volta

Entreguei-me ao vício aos dezoito anos, renasci aos vinte e cinco quando descobri que merecia uma segunda chance e procurei por ajuda. Foi então que descobri tantas outras pessoas que, como eu, tateavam o caminho de volta, buscavam por um renascimento. Foi uma longa jornada, cheia de sofrimento, mas também de aprendizados, desses que ficam para sempre. Voltei a estudar e me formei em engenharia civil, me casei e tenho três filhos e uma família harmônca. Não preciso mais de muletas para enfrentar nenhuma situação. Perdi por completo o medo de errar, não mais me considero infalível. Tanta coisa mudou em mim. Convivo tranquilamente com os meus pés de barro.

Murilo Gouveia - 43 anos
Depoimento por email

Hoje, Murilo é um ser humano em construção como ele mesmo se define. Aprendeu a viver um dia de cada vez. Deixou para trás o vício e a descabida pretensão de ser perfeito.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A fênix que em nós habita.

Acredito que em cada ser humano exista a essência da fenix. Já fez as contas de quantas vezes em única vida a gente renasce? Renascemos de pequenas avarias ao pó mais denso. Já contabilizou a quantos dias seguintes sobrevivemos? Alguns marcam para sempre e se transformam em rochas, pilares do nosso alicerce. Vamos nos lembrar para sempre como marcas de guerras que vencemos. Tatuagens em nossas almas que com o passar do tempo nos orgulharemos como se fossem medalhas, afinal vencemos! Vencemos a nós mesmos toda vez que conseguimos transmutar dor em luz, em força que nos conduz à etapa mais evoluída para o nosso espírito. A fechar ciclos e recomeçar, buscando em nós mesmos a Centelha da Vida que recebemos e permitir que ela nos ilumine e nos restaure novamente e para sempre, a cada dia.

Stella Tavares

terça-feira, 27 de abril de 2010

Mapeando sentimentos

Sempre tento mapear os meus sentimentos.
Raríssimas vezes não soube como traduzi-los, ainda que através de olhos,
de lábios, silêncio, águas...
Isso sem falar nesses meus olhos que nunca mentem. Se estou feliz, brilham, caso contrário
mergulham numa total opacidade.
Sem falar também nas palavras que escorrem de minhas mãos e denunciam os sentimentos mais recônditos. Transparência - armadilha desta menina que os anos insistem em não levar de mim. E ela fica e se perpetua, tatuada em minha essência.

Stella Tavares

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Osvaldo França Jr- Uma doce lembrança



Foi na década de 80 que comecei a freqüentar as rodas literárias de Belo Horizonte levada por minha irmã, Dora Tavares. A mesma irmã que me apresentou aos livros também se encarregou de apresentar-me a grandes autores. Foi na época em que ela lançou o seu primeiro livro de poesia “O Resgate da Palavra.” Morávamos juntas e enquanto ela gestava idéias e poemas para o seu segundo livro, “Pássaro em Diagonal”, freqüentávamos lançamentos de outros autores, debates, palestras. Assim, tive o doce e inesquecível prazer de conhecer Osvaldo França Jr. Lembro-me da grande emoção que senti ao ver aquele gentil homem que tinha o dom de encantar. Dono uma simplicidade comovente. Figura fácil em todos os lançamentos de livros. Não importava se o convite houvera partido de um autor renomado ou estreante. O passaporte para sua presença sempre foi um simples convite. O seu largo sorriso espargia simpatia por onde passava. Por ocasião de sua morte foi uma comoção geral, uma dor intensa que não vinha exclusivamente pela perda do grande autor A dor maior era pensar que, a partir daquela data, não mais poderíamos contar o sorriso que iluminava e preenchia qualquer ambiente. Pessoas assim deixam um tipo de saudade que nem o tempo com o seu poder anestésico consegue amenizar. Dura constatação de sua ausência e a certeza de que, pelo resto de nossos dias, todas as vezes que nos lembrarmos do “França”, como era carinhosamente chamado, a primeira imagem que nos virá à mente será a do seu sorriso de abre alas, de dia de sol, de noite fresca iluminada por uma lua gigantesca. Vai-se o autor e ficam as obras. Graças a Deus que ficam! Grandes obras desse espetacular escritor mineiro. .
Stella Tavares

Sua obra:
O Viúvo (1965)
Jorge, um brasileiro (1967)
Um Dia no Rio (1969)
O Homem de Macacão (1972)
A Volta para Marilda (1974)
Os Dois Irmãos (1976)
Aqui e em outros Lugares (1980)
À Procura dos Motivos (1982)
O Passo-Bandeira (1984)
Recordações de Amar em Cuba (1986)
No Fundo das Águas (1988)
De Ouro e Amazônia (1989)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sem toque de Midas

Jamais seria feliz sendo Midas. O brilho do ouro nunca me encheu os olhos.
Convivo pacificamente com a sua falta e quando toco em uma maçã quero sentir
o seu gosto.
Jamais salivaria por uma maçã de ouro.

Stella Tavares

Ps: o toque de Midas não está necessariamente no que escrevemos, mas, com certeza,
está nos olhos de quem lê. Haveria no mundo algo mais sem valia que escritos sem leitores, ainda que profundos? É do olhar atento dos leitores que advém o toque que transforma. Eis aí o verdadeiro toque de Midas!
Uma Feliz Páscoa a todos os leitores e seguidores do manual.

terça-feira, 16 de março de 2010

Por onde andará o meu cinto de utilidades?

Todo mundo tem um calcanhar de Aquiles, algum ponto que, por mais que se esforce, sempre fica a desejar. Essas falhas, quase incorrigíveis, levam-nos a ansiar por uma ajuda externa, um cinto de utilidades sempre ao alcance de nossas mãos. Já imaginou ser como a mulher maravilha que dá a volta três vezes em redor do mundo sem ao menos despentear os cabelos ou borrar a maquiagem? Pilotar o próprio avião para onde quer que sua ajuda se faça necessária? Às vezes me atrapalho de verdade! Sempre me cobrei mais organização, fazer o dia render, como dizia minha mãe. Pontual eu sempre fui, tendo como aliada a minha mineirice que nunca me deixou perder o trem ou chegar atrasada a compromissos, mas falta-me aquela organização que norteia melhor a vida da gente. Conheço pessoas que têm dia e hora para tudo. Vivem metódica e organizadamente e com a vida a deslizar nos trilhos. Gostaria de ter um tempo mais organizado porque assim poderia desfrutar melhor do aconchego dos amigos que aprendi a gostar e admirar apesar de não conhecer pessoalmente. Amizades que foram sendo construídas ao longo do primeiro ano do manual. Tantas encantadoras visitas que ando me privando de fazer porque fiquei dando trela para minhas idéias e acabei me perdendo no implacável cotidiano. Continuo atrapalhada! Peço a todos os amigos que me visitam, seguidores que ainda não retribui a vista que, por favor, me perdoem. Até o próximo mês pretendo me organizar para melhor desfrutar desse doce, prazeroso e enriquecedor convívio.
Com todo o meu carinho.
Bjs a todos
Stella Tavares

terça-feira, 2 de março de 2010

TEMPOS MODERNOS

Algumas vezes, paro e fico pensando sobre os vários tipos de falta que sentimos. Acho que a saudade foi reinventada, recebeu uma nova roupagem. Saudade de pessoas que nunca vimos, mas que aprendemos a sentir e conhecer. Sentimento tão antigo e ao mesmo tempo tão moderno e revestido em uma nova maneira de sentir. Passei alguns dias trabalhando em um novo projeto: Um roteiro de filme. Projeto um tanto quanto ousado para quem nunca experimentou. Confesso que fiquei meio perdida e nem vi o tempo passar. Só agora me dei conta da falta que senti dos meus amigos, da rica troca que fazemos. Fiquei um bom tempo sem postar,visitar e me encantar com as postagens dos blogs que sigo, conhecer novos amigos que se aproximam. Descobri que esta troca não pode faltar. Deleito-me com as postagens dos blogs de pessoas que me são tão caras. Em espaços amigos que visito e com os quais viajo, aprendo, leio poemas, me inspiro, fico mais perto das grandes musas, divas do cinema, pesquiso receitas, me torno criança outra vez. Quanto ao projeto do roteiro... Vou trabalhá-lo com muita calma. Amo o cinema desde sempre. Na minha tímida adolescência ia sozinha ao cinema. Quando o filme era bom assistia-o tantas vezes. Achava que isso era coisa da idade e que devia deixar arder aquela paixão que um dia ela passaria, mas nunca passou. Hoje em dia levo minhas crianças ao cinema e sinto-me exatamente como sempre senti. Tem coisas que nunca passam. Graças a Deus! Outro dia encontrei no you tube cenas de filmes que me transportavam na adolescência e pude constatar, com olhos cheios, que a emoção continua a mesma. Hoje em dia me debruço no roteiro que eu mesma criei e tento passar a delicadeza de cenas que me transportaram e, de certa forma, trouxeram-me até os dias de hoje, leves amortecedores, pequeninos detalhes, mas que fizeram toda a diferença na minha forma de sentir e perceber.
Bjs a todos. Saudades!!!
Stella Tavares

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Valioso arquivo

Sempre pensei que existe um lugar onde os personagens habitam. Ficava sempre imaginando que suas histórias continuariam em algum lugar que, a partir do final da leitura, passamos a não ter mais acesso. Como se devolvessemos a privacidade, a maior idade, o livre arbítrio a esses personagens tão reais, atemporais e com o poder de nos conduzir por caminhos que, normalmente, não são os nossos de cada dia. Na maioria das vezes, o que destoa é o que nos encanta. Somos apresentados a eles e em um breve instante já povoam nossas mentes e passam a fazer parte de um valioso arquivo. Não ficamos conectados permanentemente a este arquivo, mas toda vez que buscamos por ele, tomamos posse do mesmo encantamento. Passam nossas histórias pessoais, vão- se transformando em lembranças, mas as lembranças nem sempre são fieis. Com o passar do tempo elas podem nos trair "como aquele monumento alto que parece mais alto porque é lembrança”, exatamente assim como traduziu Clarice Lispector em Água Viva. Ao contrário das lembranças, os personagens e suas histórias permanecerão extremamente fiéis à nossa memória afetiva.
Stella Tavares

domingo, 31 de janeiro de 2010

Uma canção inesquecível


Troc... troc... troc... troc...
Ligeirinhos, ligeirinhos,
Troc... troc... troc... troc...
vão cantando os tamanquinhos...

Algumas vezes, em meio à correria do dia a dia, sou surpreendida pela sonoridade desses versos. Eles faziam parte do primeiro livro de poesia que usamos na escola. O que eu não sabia naquele tempo é que versos, uma vez decorados, serão irremediavelmente lembrados e que aquele primeiro raio de poesia iluminaria para sempre os nossos caminhos.
Livres tamanquinhos que cantarolavam na chuva e que na madrugada faziam troc... troc... pelas portas dos vizinhos. Expressavam uma liberdade que pouco conhecíamos e que mais tarde nos encantaríamos novamente pela forma como foi descrita pela própria Cecília Meirelles :

"Liberdade – essa palavra
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda".
(cecília Meireles)


Stella Tavares

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Doces Lembranças

Lelei era um adolescente magro, alto, tinha os cabelos crespos e serenos olhos verdes que destoavam de todo o resto. Tinha dentro de si uma alma que mais se assemelhava a um beija-flor, borboleta ,bailarina. Não dava para saber ao certo.
Todas as noites ia até a nossa casa com uma latinha de leite ninho, sem rótulo, pedir sobras do jantar, mas antes de entregar a sua lata reluzente, começava a cantar canções que não sei de onde vinham. Seus dedos longos batiam e escorregavam delicadamente e o som extraído da lata virada com a tampa para baixo acompanhava sua voz macia e que mais se assemelhava a uma menina- moça perdida em meio a sua inocente faceirice. Tão logo terminava a apresentação, o seu instrumento musical era entregue para que novamente voltasse à sua função original e fosse levada até a cozinha e preenchida com tudo que ainda nas panelas havia.
Agradecido pela comida e pela platéia fiel de todas as noites, ia-se embora com os seus dedos longos segurando a lata que continha o seu jantar ou couvert artístico como talvez o enxergasse e enquanto subia a rua cantarolava e ia criando novas canções.

Stella Tavares