Sempre fui chegada a um mergulho profundo. Acredito que tenha nascido assim, mas não recomendo. Pelo menos por alguns dias adoraria viver na superfície, sem raízes profundas. Se o dia-a-dia me bastasse já me daria por satisfeita. Em minha infância, quase fiquei submersa, perdida em meio à tamanha profundidade, complexidade. Portadora de uma liberdade emocional e criativa intensa e não aproveitada. Era acometida por sentimentos que pulsavam, latejavam, tiravam-me do prumo em completo desnorteio. Não conseguia bom rendimento escolar, detestava números e via as paredes da sala de aula como intransponíveis barras de ferro que me continham a contra gosto. Debatia-me, implodia. Um vulcão em ordem inversa, como se voltasse o filme de uma erupção.
É escrevendo que me descubro, me encontro, me localizo, me situo. Em cena aberta. É escrevendo que me harmonizo, me organizo. Era isso que não sabia na minha infância. Ah, os benefícios que o tempo traz! Quando me desnudo sem pudor frente a uma folha em branco lapido os meus sentimentos, adestro-os, aprendo a conviver com eles, deixando que se manifestem livremente. Guiando-os e não mais sendo levada por eles. Voando com eles, permitindo suas formas, dando a eles liberdade ampla, irrestrita para que se manifestem. Canalizando-os, criando sulcos para que escorram e, somente assim conseguimos conviver em plena harmonia: As palavras, os sentimentos e eu.
Stella Tavares
22 comentários:
Olá Stella, viver na superfície é mais cômodo, entretanto, menos saudável, pois é na profundidade que se encontram águas límpidas. Um abraço.
Oi Stella
Que bom ter encontrado o caminho para harmonizar as palavras, os sentimentos e as palavras. Muita gente se perde nas profundezas e na riqueza que há nela, mas como as baleias pecisamos subir para a superficie de vez enquando.
Beijo
Stella, que linda convivência. Me sinto assim familiar, com as profundezas e com as palavras. Amei seu texto porque também tenho a impressão de poucas vezes vir à superfície! Um grande abraço!
Compreendo plenamente esta visão da escrita.
Às vezes, recuso-me a ser sua "escrava", mas é "sol de pouca dura"
Acabamos sempre nos afeiçoar a ela.
Um beijo
Stella,
Muito obrigado pela visita e pelas palavras!
Grande abraço!
Adriano Nunes.
P.s.: Também virei aqui outras e outras vezes...Gostei muito do que vi!
O tempo nos aprimora e você, Stella, foi com certeza beneficiada, lapidada. Talento e criatividade a olhos vistos.
Parabéns!
Bjs e tenha um ótimo fim de semana.
Adriana
stella
obsessão é o seu nome, sobrenome e o mais
assim, a Arte
de stella para stella assino em baixo!escrever rompe barreiras!
como aqui se diz... águas calmas, sao profundas...
fazia tempo que eu não passava aqui adorei o texto é incrível como a gente se encontra com o tempo né?!
um beijãão
Não é fácil viver à superfície, e por vezes precisamos de algo que nos conecte com a realidade, é bom quando deixamos uma folha de papel ser nossa cumplicie de emoções.
beijinhos
E muito bom vir aqui apreciar seus belos textos.
Parabéns
bjss
Passando para te conhecer!!
Adorei o texto...
Melhor, ainda, que tenha aprendido a emergir...só assim respiramos um pouquinho!!
Beijos e ótimo domingo!!
Na verdade, o escritor é um ser humano inquieto a pensar até mesmo quando dorme. Gosta da liberdade de criar, de andar e correr em busca dos sonhos. E detesta amarras.
Profundo e belo o seu blog.
Poético abraço(conheça também meu outro blog :http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/ . Será um prazer receber sua visita)
Gilbamar
Concordo plenamente. Gostei desta mensagem. Muito giro o blogue. Bj
Profundidade foi essa sua bela escrita, amiga.É preciso viajar ao EU de vez em quando, revirar nossa gavetas interiores.beijos e ótima semana
Eu também queria viver um dia na superfície! Sem me preocupar... às vezes é bom. Um abraço
Rafaela
Olá Stella!
Que prazer ter vc acompanhado meu blog.
Gostei muito dos seus textos.
Estarei sempre por aqui agora.
Abrs.
Querida Stella, fiquei muito feliz quando visitou-e e postou comentário no meu ex-blog lado intimo. Quando o criei fiquei surpresa com sua visita, uma talentosa escritora havia gostado do meu blog pessoal (diário sem chaves). Pois eu o perdi assim como venho perdendo minha memória. Esqueci a senha e já não posso mais acessá-lo. Aguardo ansiosa uma visitinha sua ao meu novo dengo, Intimo e Pessoal.
Oi Stella!
Para alcançar uma esfera mais alta de consciência, precisa mergulhar profundamente em seu interior e renascer liberta dos medos, dúvidas, vícios e conflitos.
O mergulho em si mesma é uma espécie de morte: a morte do ser velho e seu renascimento constante.
Mergulhando em si mesma, sem medo, sem trevas, você encontrará dores, sim, mas qual renascimento é isento de dor? Pior já é a dor de sentir-se uma estranha no próprio mundo íntimo.
Que Deus abençoe seus renascimentos
Besitos
Stela, me encontrei em cada uma frase . Belo texto , o tempo nos dá essa sabedoria e aí vamos mais fundo. Encontro muito prazer na leitura,talvez por ser um ato solitário. Preciso ler um livro seu, urgente, rsrs
Abraços
Lindo!!!!!!! Escrever também é pra mim uma forma de tornar tudo mais claro. Me identifico muito!!! bjos
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