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Romance escrito em tempo real

quinta-feira, 9 de julho de 2009

UM MERGULHO PROFUNDO

Sempre fui chegada a um mergulho profundo. Acredito que tenha nascido assim, mas não recomendo. Pelo menos por alguns dias adoraria viver na superfície, sem raízes profundas. Se o dia-a-dia me bastasse já me daria por satisfeita. Em minha infância, quase fiquei submersa, perdida em meio à tamanha profundidade, complexidade. Portadora de uma liberdade emocional e criativa intensa e não aproveitada. Era acometida por sentimentos que pulsavam, latejavam, tiravam-me do prumo em completo desnorteio. Não conseguia bom rendimento escolar, detestava números e via as paredes da sala de aula como intransponíveis barras de ferro que me continham a contra gosto. Debatia-me, implodia. Um vulcão em ordem inversa, como se voltasse o filme de uma erupção.
É escrevendo que me descubro, me encontro, me localizo, me situo. Em cena aberta. É escrevendo que me harmonizo, me organizo. Era isso que não sabia na minha infância. Ah, os benefícios que o tempo traz! Quando me desnudo sem pudor frente a uma folha em branco lapido os meus sentimentos, adestro-os, aprendo a conviver com eles, deixando que se manifestem livremente. Guiando-os e não mais sendo levada por eles. Voando com eles, permitindo suas formas, dando a eles liberdade ampla, irrestrita para que se manifestem. Canalizando-os, criando sulcos para que escorram e, somente assim conseguimos conviver em plena harmonia: As palavras, os sentimentos e eu.
Stella Tavares

22 comentários:

Úrsula Avner disse...

Olá Stella, viver na superfície é mais cômodo, entretanto, menos saudável, pois é na profundidade que se encontram águas límpidas. Um abraço.

angela disse...

Oi Stella
Que bom ter encontrado o caminho para harmonizar as palavras, os sentimentos e as palavras. Muita gente se perde nas profundezas e na riqueza que há nela, mas como as baleias pecisamos subir para a superficie de vez enquando.
Beijo

Jacqueline disse...

Stella, que linda convivência. Me sinto assim familiar, com as profundezas e com as palavras. Amei seu texto porque também tenho a impressão de poucas vezes vir à superfície! Um grande abraço!

Lídia Borges disse...

Compreendo plenamente esta visão da escrita.
Às vezes, recuso-me a ser sua "escrava", mas é "sol de pouca dura"
Acabamos sempre nos afeiçoar a ela.

Um beijo

ADRIANO NUNES disse...

Stella,

Muito obrigado pela visita e pelas palavras!


Grande abraço!
Adriano Nunes.


P.s.: Também virei aqui outras e outras vezes...Gostei muito do que vi!

Anônimo disse...

O tempo nos aprimora e você, Stella, foi com certeza beneficiada, lapidada. Talento e criatividade a olhos vistos.

Parabéns!
Bjs e tenha um ótimo fim de semana.

Adriana

BAR DO BARDO disse...

stella

obsessão é o seu nome, sobrenome e o mais

assim, a Arte

Amor disse...

de stella para stella assino em baixo!escrever rompe barreiras!

As Tertulías disse...

como aqui se diz... águas calmas, sao profundas...

Marjory disse...

fazia tempo que eu não passava aqui adorei o texto é incrível como a gente se encontra com o tempo né?!
um beijãão

Luna disse...

Não é fácil viver à superfície, e por vezes precisamos de algo que nos conecte com a realidade, é bom quando deixamos uma folha de papel ser nossa cumplicie de emoções.
beijinhos

J Araújo disse...

E muito bom vir aqui apreciar seus belos textos.

Parabéns

bjss

Tiago disse...

Passando para te conhecer!!

Adorei o texto...

Melhor, ainda, que tenha aprendido a emergir...só assim respiramos um pouquinho!!

Beijos e ótimo domingo!!

Gilbamar disse...

Na verdade, o escritor é um ser humano inquieto a pensar até mesmo quando dorme. Gosta da liberdade de criar, de andar e correr em busca dos sonhos. E detesta amarras.

Profundo e belo o seu blog.

Poético abraço(conheça também meu outro blog :http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/ . Será um prazer receber sua visita)

Gilbamar

Sara Fidiró disse...

Concordo plenamente. Gostei desta mensagem. Muito giro o blogue. Bj

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Profundidade foi essa sua bela escrita, amiga.É preciso viajar ao EU de vez em quando, revirar nossa gavetas interiores.beijos e ótima semana

Anônimo disse...

Eu também queria viver um dia na superfície! Sem me preocupar... às vezes é bom. Um abraço
Rafaela

Anônimo disse...

Olá Stella!
Que prazer ter vc acompanhado meu blog.
Gostei muito dos seus textos.
Estarei sempre por aqui agora.
Abrs.

Anônimo disse...

Querida Stella, fiquei muito feliz quando visitou-e e postou comentário no meu ex-blog lado intimo. Quando o criei fiquei surpresa com sua visita, uma talentosa escritora havia gostado do meu blog pessoal (diário sem chaves). Pois eu o perdi assim como venho perdendo minha memória. Esqueci a senha e já não posso mais acessá-lo. Aguardo ansiosa uma visitinha sua ao meu novo dengo, Intimo e Pessoal.

... "gigi"... disse...

Oi Stella!
Para alcançar uma esfera mais alta de consciência, precisa mergulhar profundamente em seu interior e renascer liberta dos medos, dúvidas, vícios e conflitos.
O mergulho em si mesma é uma espécie de morte: a morte do ser velho e seu renascimento constante.
Mergulhando em si mesma, sem medo, sem trevas, você encontrará dores, sim, mas qual renascimento é isento de dor? Pior já é a dor de sentir-se uma estranha no próprio mundo íntimo.
Que Deus abençoe seus renascimentos

Besitos

lis disse...

Stela, me encontrei em cada uma frase . Belo texto , o tempo nos dá essa sabedoria e aí vamos mais fundo. Encontro muito prazer na leitura,talvez por ser um ato solitário. Preciso ler um livro seu, urgente, rsrs
Abraços

MARCELO DALLA disse...

Lindo!!!!!!! Escrever também é pra mim uma forma de tornar tudo mais claro. Me identifico muito!!! bjos