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Romance escrito em tempo real

terça-feira, 31 de março de 2009

Clarice de Almeida, 59 anos

Identifiquei-me profundamente com o autor do relato “Homem não chora”. Cometi esse erro com os meus filhos. Quando eles nasceram, morava em uma minúscula cidade no interior de Minas e tudo que eu sabia havia aprendido com minha mãe que aprendeu com minha avó e assim por diante. O maior medo de todos os tempos era não saber como criar um filho homem. Para falar a verdade tinha medo até de amar além da conta e comprometer a masculinidade deles. Preferia manter um relacionamento mais distante, sem muito carinho. Achava que se os tratasse secamente evitaria problemas futuros. Hoje vejo como errei. Converso com eles, hoje todos adultos e peço a eles que me perdoem. Por acaso se a opção sexual deles fosse diferente deixariam de ser meus filhos? É claro que não. Por sorte eles entenderam as minhas dificuldades e limitações e apesar de ter engolido muito choro, muito medo, muita falta de diálogo, se tornaram homens bons, educados, gentis, amorosos.

Mas se pudesse voltar o tempo não teria mais essa de filho ou filha, amaria todos com o mesmo e genuíno amor: o amor de mãe.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Antunes Caldeira disse Homem também chora.

Dizer que homem não chora implica em uma série de proibições, mas reunido a todas elas temos como resultado a idéia central: Homem não pode fraquejar. Sofri anos a fio com esta idéia martelando em minha mente. Ao contrário de tudo que ouvia, eu sentia medo e olha que não eram poucos. Sentia medo de escuro aos oito anos, chorava baixinho quando acordava durante a noite e não podia chamar por minha mãe para não assinar um atestado de medroso. Chegou a adolescência e comecei a me sentir inseguro, não merecedor de um lugar ao sol. Era magro demais, baixo demais, calado demais, não tinha assunto com as meninas. Detestava falar em público, apresentar trabalho em sala de aula, se pudesse nem chamada eu responderia. Foram anos difíceis. A minha sorte é que de estudar eu gostava. Todos gostavam de participar da minha equipe porque, na maioria das vezes, eu fazia todo o trabalho em troca da dolorosa apresentação.

Ao final do segundo grau prestei vestibular para engenharia mecânica e passei em primeiro lugar. Depois disso senti ir acalmando esse meu lado feitor. Fui percebendo que o primeiro e mais importante passo seria o respeito por mim mesmo, por minhas escolhas e decisões. Se me respeito, todas as pessoas me respeitam. Falando assim parece a conclusão mais elementar do mundo, mas vivenciar o aprendizado é um longo caminho.

A todas as leitoras, mães, educadoras: ensinem a seus filhos homem também chora e não existe nisso nenhum demérito.

domingo, 29 de março de 2009

Passei da idade de sentir vergonha.Lucas Sampaio- 62 anos Anhembi- SP

Bem, estou sendo entrevistado por uma amiga, estou gentilmente colaborando com um relato meu, para que o mesmo possa ajudar outras pessoas que estão passando por aquela fase de inseguranças. O que tenho a colaborar na minha entrevista,... E, não é querendo ser grosso, nem indelicado com ninguém ( JÁ PASSEI DA IDADE DE SENTIR VERGONHA E SER INSEGURO). Hoje em dia, não sinto vergonha é de nada... Sou o que sou e, não me importo com o que pensam de mim. Graças a Deus, por esta fase já passei. Mas, antigamente sofri demais, querendo agradar as pessoas, sem obter nenhum resultado satisfatório. Hoje em dia não sou assim, penso que este meu lado seguro amadureceu no instante que me separei emocionalmente, dos que eu era apegado afetivamente. E para mim insegurança é a mesma coisa que vergonha, eu penso que estes dois tipos de sentimentos se interligam na maneira da pessoa ver e sentir os acontecimentos negativos.
Passei por este estágio, quando cheguei à conclusão que ninguém paga as minhas dívidas, e não sou obrigado a agradar ninguém, porque não preciso disso para viver.
Muitas vezes, por eu demonstrar insegurança, nestes pequenos gestos, pude sentir o lado negro de muitas pessoas, que abusaram da minha ingenuidade.
Infelizmente o ser humano é assim... Muito fácil entender a linha de raciocínio.
- Quando mais você abaixa mais sua bunda aparece.
- Mais vale um pássaro na mão no que dois voando.
- Coração do homem é caminho que só Deus conhece.
(Não preciso dizer mais nada)A Lucas Sampaio, o Lucas Doido do Recanto das Letras, o nosso carinho e agradecimento sinceros.

Junia disse:

Entrei aqui por acaso. Nunca gostei muito desses assuntos, mas confesso que dei a mão à palmatória. Foi legal. Às vezes a gente cai do cavalo! Acredito que todas as vezes que a gente se deixa guiar por idéias pré-estabelecidas isso acontece. E tem mais é que cair mesmo! O intuito desse email era deixar algum relato, falar sobre alguma experiência, mas ainda não deu. Quem sabe um dia desses volto e deixo um depoimento sobre minhas experiências. Gostei muito do seu blog e vou voltar outras vezes. Beijos.

Junia. -19 anos Minas Gerais Brasil

sexta-feira, 27 de março de 2009

O traço humano que nos une ( Edgar Vieira – 57 anos)

Em nós, seres humanos, sempre existe algum ponto em comum, algum ponto em que nos tornamos parecidos independente de idade, raça, credo. Acredito que seja um traço de humanidade que liga a cada um e a todos. Ontem, por exemplo, lendo ao manual pude perceber isso claramente através de Eliana e Andréa. Somos realidades tão distintas, Eliana uma escritora, Andréa uma jovem que experimentou a insegurança em uma fase tão delicada da vida, a adolescência e mesmo assim, tão jovenzinha ainda, conseguiu a chave que a libertou ou “a volta por cima” como ela mesma nomeou,

Sou um homem de cinqüenta e sete anos, casado, comerciante, dois filhos. A um primeiro olhar nada tenho a ver com essas duas experiências de vida, mas me identifiquei muito. Identifiquei-me com Eliana quando ela disse que não valorizava muito o dom que recebera, jogava no lixo, nas várias espécies de lixo que temos hoje, o seu talento, sua inspiração, sua forma de expressão. Ainda não havia aprendido valorizar a sua essência. Também agi desta forma por um bom tempo de minha vida. Sempre tive o dom da venda, da comunicação. Minha avó, acredito eu, foi a única pessoa que me enxergou da maneira como sou, dizia que eu conseguiria vender uma dúzia de pentes para um único homem careca. Meu pai já tinha outra opinião e decidiu que esse dom de convencer pessoas era uma ferramenta poderosa para um advogado bem sucedido e de renome. Sem a firmeza necessária, acabei jogando no lixo todo o prazer que sentia quando nos meus alegres tempos “vendia pente para careca” como dizia minha avó. Foram anos e anos debruçados em grossos livros, códigos e leis. Até o dia em que me formei com louvor, sempre procurei fazer com dedicação tudo que faço. Entreguei o meu diploma a meu pai que o emoldurou e só então, munido de uma pequena recompensa que recebi de meu pai, em honra e mérito por realizar o sonho “dele”, ao invés de montar o meu escritório de advocacia, comprei o meu primeiro comércio na rua principal, um pequeno armazém. Foi exatamente aí que me identifiquei com Andréa quando pôs um fim nas “cobranças exageradas e descabidas” e, ao invés de ficar furioso com meus erros, passei a aprender com eles.

Data vênia possuo uma rede de supermercados, meus dois filhos trabalham comigo, mas não porque impus isso a eles. Qualquer profissão que quisessem seguir teria o meu apoio irrestrito. Do meu primeiro comércio mantenho o meu escritório onde administro, tomo todas as decisões;

Como diria Carlos Drummond: o meu diploma de advocacia é um simples retrato na parede.

Edgar Vieira – 57 anos Brasil

quinta-feira, 26 de março de 2009

Eliana disse...

Foi um prazer te conhecer amiga. Esta mensagem se encaixou inteira em mim, como uma carapuça. Te encontrei lá no recanto das letras. Também sou escritora, e te digo, nem de gaveta eu era. Mas sim, de lata de lixo plástica e eletrônica. jogava tudo fora, verdadeiras obras de arte, sensíveis quanto eu.
Tinha um comportamento compulsivo de rejeitar tudo o que ficava dicicil pra mim. Graças a deus, estou em outra, embora lamentando não poder recuperar tantas crônicas, mensagens, artigos, que jamais retornarão.
Vida nova! E amizades novas!
Um abraço!

17 de Março de 2009 06:29

Que bonito é... (Andréa Alves Mesquita, 23 anos)

Que bonito é olhar pra trás e ver que tudo pode ser mudado, melhorado, podemos sim encontrar um caminho. Há alguns anos atrás, mais especificamente quando tinha 15 anos, sentia um medo quase congelante de viver. Não gostava de sair de casa porque achava que era feia, desajeitada, despreparada. Quando tive o meu primeiro namorado não conseguia me sentir feliz, passava a maior parte do tempo achando que ele ia se desencantar a qualquer momento. Não conseguia encontrar assunto, me soltar. Sempre acreditava que, a qualquer momento chegaria uma pessoa bem melhor, mais interessante, inteligente, mais bonita e o levaria de mim. Vivi assim alguns anos até o dia em que percebi que esse caminho não estava me levando a lugar nenhum. Parei de exigir de mim uma perfeição que ninguém tinha.
Aos poucos fui parando com as cobranças exageradas e descabidas, comecei a não ter mais aquele medo fóbico de errar, aprendi a rir de mim mesma, aprender com os meus próprios erros. Acredito que esta foi a forma que encontrei para dar a volta por cima.

Andréa Alves Mesquita – 23 anos Lorena - SP

terça-feira, 24 de março de 2009

Um bicho de sete cabeças

A primeira entrevista que fiz a cerca da insegurança foi no ano de 1990. Lembro-me que disse a uma pessoa, amiga de algum tempo se ela poderia me conceder uma entrevista e ela, imediatamente prontificou-se, marcou data e hora com grande entusiasmo. Na hora marcada adentrei em sua sala e ela recebeu-me com um sorriso e uma cerimônia que não mais existia entre nós. Éramos íntimas e já tínhamos pulado esta etapa fazia algum tempo.

Achei que o melhor a fazer seria colher o primeiro do que seria uma série de depoimentos . Nunca mais consegui esquecer a expressão de Eleonora, decidi batizá-la assim para que nos tornemos logo todos íntimos. A minha pergunta foi a seguinte: ¨_Eleonora, você alguma vez já se sentiu insegura? Senti que a partir daquele momento todos os salamaleques e rapa-pés seriam interrompidos. Ela fuzilou-me com os olhos e disse com voz grave:

_Pareço uma pessoa insegura?

_Claro que não. A pessoa não precisa ser insegura para sentir insegurança. Pode acontecer em diversos momentos da nossa vida.Pode acontecer na infância, adolescência, primeiro dia de aula, antes do primeiro beijo, sei lá... O que interessa é a maneira como lidamos ou nos livramos...

_Pois eu lhe asseguro que comigo isso nunca aconteceu. Não sei do que você está falando e até acredito que você esteja perdendo tempo comigo. Não tenho como lhe ajudar. Daquele momento em diante percebi que a entrevista havia terminado, quiçá nossa amizade. Agradeci e voltei para casa.

A minha vontade a princípio foi parar por ali, Nunca mais tocar nesse assunto que, aos poucos fui descobrindo, mais parecia um bicho de sete cabeças para tantos. Acredito que causaria menos estranheza ou dissabor se lhes perguntasse se eram egoístas, se mentiam com freqüência, com quantos anos perderam a virgindade..Descobri que o mundo estava cheio de pessoas seguras que se ofendiam por falar no assunto.. A nossa amizade nunca mais foi a mesma, mas apesar disso continuei com minhas pesquisas e ouvi depoimentos incríveis.

Mudou a década, o século, ainda assim, de vez em quando ainda me deparo com algumas Eleonoras, mas o que mais conheci foram pessoas generosas e que estão sempre dispostas a colaborar e enriquecer ainda que anonimamente. A todas essas pessoas anônimas e também aos meus bravos, ilustres seguidores e leitores recebam um terno abraço e os meus mais sinceros agradecimentos.

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domingo, 22 de março de 2009

Sã Consciência

Sou uma mulher de meia idade

muito embora ninguém nunca tenha dito

de quantos anos é feita uma idade inteira

Uma mulher que deflora o tempo,

o divide ao meio, transita por suas infinitas passagens

e que aprendeu a extrair o seu poder anestésico e cicatrizante

Manuseio o tempo, mantenho-o em lugar seco, arejado

E o sorvo em forma de Alquimia.


(Extraído do livro “O Adestrador de Sentimentos” de Stella Tavares)



Escrever o Adestrador de Sentimentos, ir em busca de patrocinadores, apoiadores, foi um excelente exercício. Vamos adestrando nossos sentimentos vida afora e nem nos damos conta. Escrevo desde os oito anos, mas sempre titubeava quando diziam que eu era uma escritora, quando me convidavam para fazer palestras ou falar sobre o ofício. Enquanto escrevi o Adestrador e o vi tomar forma, fui conhecendo pessoas fundamentais nesse momento de amadurecimento, pessoas como Sérgio Ornellas que fez a diagramação e capa do meu livro, Claudionor Rosa que fez a apresentação do Adestrador e me deu um grande e irrestrito apoio, Dora Tavares, Karlos Kaylane, conselheiros da Casa de Cultura Macedo Miranda, pessoas que nem conhecia, Eduardo Meohas, Wendel Amorim, tantos amigos, tantos afetos.

Que bom que dei o meu primeiro passo! Que bom que fui aprendendo a acreditar no meu sonho, a compartilhar, a enfrentar situações que até algum tempo atrás não ousaria, como enfrentar o lançamento do livro, dar autógrafos, falar em público...Como é bom vencer temores, expulsar os fantasmas do porão de nossas almas, serenar o coração, ouvir nossa voz interior e ir seguindo o caminho que vamos traçando sem pressa e sem cobrança

sábado, 21 de março de 2009

Aos meus amigos e ou/ Palavras e experiências que dão frutos

Há alguns anos faço entrevistas, observo comportamento sobre o assunto que sempre foi o meu calcanhar de Aquiles, ou seja, A Insegurança. Sempre escrevi poemas, peças teatrais, crônicas, mas agora acredito que tenha chegado a hora de arregaçar as mangas e colocar as palavras a postos, pronta para serem aproveitadas, vivenciadas da mais objetiva das formas: a troca de experiências. Afinal existe forma de crescimento e maturação mais perfeita que o intercâmbio de idéias? Quando dividimos o que nos incomoda, nos afeta, nos pesa feito fardo temos uma sensação de alívio, de novos caminhos se abrindo. A partir de agora vou começar a publicar os relatos que já tenho sobre insegurança e a maneira encontrada por cada um de se relacionar com esse problema e vencer etapas que, até então, pareciam empecilhos intransponíveis. Ninguém é cem por cento seguro. Em algum momento da vida, quem não se deparou com alguma situação que o deixou com as mãos frias, transpirando além da conta? Para algumas pessoas, acredite, esse pode ser um estado quase constante. A sensação de que está sempre aquém, que deu ou vai dar um grande vexame.
Caso queira dar o seu depoimento, contar a forma como se livrou da insegurança em algum setor de sua vida, trocar experiências entre em contato através do e-mail: manualdoinseguro@yahoo.com.br para que seja posteriormente publicado. Sua identidade será mantida em sigilo,se for de sua vontade, mas o seu depoimento, esteja certo, AJUDARÁ A MUITOS.