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Romance escrito em tempo real

sexta-feira, 27 de março de 2009

O traço humano que nos une ( Edgar Vieira – 57 anos)

Em nós, seres humanos, sempre existe algum ponto em comum, algum ponto em que nos tornamos parecidos independente de idade, raça, credo. Acredito que seja um traço de humanidade que liga a cada um e a todos. Ontem, por exemplo, lendo ao manual pude perceber isso claramente através de Eliana e Andréa. Somos realidades tão distintas, Eliana uma escritora, Andréa uma jovem que experimentou a insegurança em uma fase tão delicada da vida, a adolescência e mesmo assim, tão jovenzinha ainda, conseguiu a chave que a libertou ou “a volta por cima” como ela mesma nomeou,

Sou um homem de cinqüenta e sete anos, casado, comerciante, dois filhos. A um primeiro olhar nada tenho a ver com essas duas experiências de vida, mas me identifiquei muito. Identifiquei-me com Eliana quando ela disse que não valorizava muito o dom que recebera, jogava no lixo, nas várias espécies de lixo que temos hoje, o seu talento, sua inspiração, sua forma de expressão. Ainda não havia aprendido valorizar a sua essência. Também agi desta forma por um bom tempo de minha vida. Sempre tive o dom da venda, da comunicação. Minha avó, acredito eu, foi a única pessoa que me enxergou da maneira como sou, dizia que eu conseguiria vender uma dúzia de pentes para um único homem careca. Meu pai já tinha outra opinião e decidiu que esse dom de convencer pessoas era uma ferramenta poderosa para um advogado bem sucedido e de renome. Sem a firmeza necessária, acabei jogando no lixo todo o prazer que sentia quando nos meus alegres tempos “vendia pente para careca” como dizia minha avó. Foram anos e anos debruçados em grossos livros, códigos e leis. Até o dia em que me formei com louvor, sempre procurei fazer com dedicação tudo que faço. Entreguei o meu diploma a meu pai que o emoldurou e só então, munido de uma pequena recompensa que recebi de meu pai, em honra e mérito por realizar o sonho “dele”, ao invés de montar o meu escritório de advocacia, comprei o meu primeiro comércio na rua principal, um pequeno armazém. Foi exatamente aí que me identifiquei com Andréa quando pôs um fim nas “cobranças exageradas e descabidas” e, ao invés de ficar furioso com meus erros, passei a aprender com eles.

Data vênia possuo uma rede de supermercados, meus dois filhos trabalham comigo, mas não porque impus isso a eles. Qualquer profissão que quisessem seguir teria o meu apoio irrestrito. Do meu primeiro comércio mantenho o meu escritório onde administro, tomo todas as decisões;

Como diria Carlos Drummond: o meu diploma de advocacia é um simples retrato na parede.

Edgar Vieira – 57 anos Brasil

Um comentário:

Pena disse...

Oh, Precioso e Genial Amigo:
Um texto delicioso da sua existência maravilhosa. Um sentir o Mundo de forma admirável.
"...Sou um homem de cinqüenta e sete anos, casado, comerciante, dois filhos. A um primeiro olhar nada tenho a ver com essas duas experiências de vida, mas me identifiquei muito. Identifiquei-me com Eliana quando ela disse que não valorizava muito o dom que recebera, jogava no lixo, nas várias espécies de lixo que temos hoje, o seu talento, sua inspiração, sua forma de expressão. Ainda não havia aprendido valorizar a sua essência. Também agi desta forma por um bom tempo de minha vida. Sempre tive o dom da venda, da comunicação. Minha avó, acredito eu, foi a única pessoa que me enxergou da maneira como sou, dizia que eu conseguiria vender uma dúzia de pentes para um único homem careca...".

Isto é de um "fulminante" sentimento de concepção linda.
Muito belo.
Bem-Haja, talentoso amigo.

Abraço forte de amizade e imenso respeito.
OBRIGADO sentido pela simpatia expressa no meu blog.
Maravilhado...

pena

Fabuloso, amigo gigante!