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Romance escrito em tempo real

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Quando chegam as lembranças

Existem momentos na vida em que temos que fazer opções importantíssimas, necessárias. Foi em um desses momentos da vida que tive que tomar uma decisão assim, fundamental e com uma precisão cirúrgica. Uma cirurgia de alma, diria, quando decidi "enterrar minha infância a sete milhões de palmos da terra". Justamente por ela ter sido tão especial, permeada por tanto carinho que vinha de uma mãe que nem precisava de falar para que nos entendêssemos, seis irmãos dos quais eu sou a caçula e um pai que admirava profundamente pela sua aguçada inteligência, intimidade com as palavras, retidão de caráter e um nome que, por pura honestidade, abria qualquer porta.Doce e delicada bagagem que foi feita com carinho até que, aos dezoito anos, perdi minha mãe. Justo nós duas que não nos separávamos. Até os dezessete anos, bastava meu pai viajar para eu me aboletar em sua cama e dormirmos juntas e felizes como duas adolescentes. Sempre fui muito calma, tranquila e agradecida a Deus por tudo que recebo. Ainda que esse "tudo" inclua uma perda irreparável. A partir daí toda nossa bonita convivência se transformou em lembranças que de tão vivas faziam-me arder em febre. Febre emocional. Foi a partir daí que meu pai e eu decidimos que já era hora de darmos um novo rumo a nossas vidas e assim fizemos. Ele se casou novamente com uma ótima pessoa que lhe resgatou o brilho nos olhos e nos abençoou com dois irmãos e eu me mudei para Belo Horizonte e fui trabalhar em um banco. Foi nessa época que decidi que deixaria suspensa minhas lembranças, guardadas, onde eu não pudesse vê-las e pus-me a viver o dia-a-dia. Muito tempo se passou até o dia em que descobri que já conseguia lembrar sem dor, sem febre. Hoje minhas lembranças moram comigo, divide a vida, se misturam e se entrelaçam com o presente. E como diz minha música preferida " toda vez que o adulto balança o menino me dá a mão"...
Benditas lembranças que iluminam e povoam nossas almas e são intransferíveis, únicas assim como o traçado de nossas mãos.

Stella Tavares

22 comentários:

bodynet disse...

Olá stella fico feliz que o seu passado não afeta mais você, perdi minha mãe quando tinha 18 anos também sei como é essa dor mais Deus ele é nosso maior consolador
Um grande abraço

angela disse...

Quando as lembranças já não doem tanto, são suaves, são nossas. Fazem parte de nós, se amalgamaram com nosso ser.
beijos
PS mandei-lhe um e-mail e espero resposta.

Úrsula Avner disse...

Oi Stella, seus textos expressam muito sentimento e boa reflexão. Um abraço.

Meire Jorge disse...

De mil maneiras diferentes
os velhos sonhos vão se renovando
não param para que colhamos
nossas dores, nossos erros e acertos,
nem faz do tempo um contratempo
Apenas vão entorpecendo os sentidos
com lembranças que os alimentam
a cada instante, de maneira tal
que o passado torna-se um presente
sem igual!...bjs

Anônimo disse...

Lembranças passadas por vezes marcadas como cicatrizes na alma... QUE BOM QUE AS SUAS CICATRIZARAM E VC SUPEROU QUERIDA! Sucesso sempre a vc linda... bjssnummuj

:: Fatima :: disse...

Eu tento,mas o meu passado me persegue!
Que bom que com vc e diferente,pk eu deixei de fazer muitas coisas e de ser feliz por causa de um passado que temeu em voltar.

Hoje lido um pouco melhor com isso...
TEnha um lindo fds...Beejos

Graça Pereira disse...

"Benditas lembranças que iluminam e povoam nossas almas e são INTRANSFERÍVEIS"... Que faria eu, sem essas benditas lembranças? Perda de pai, mãe, marido, berço natal, amigos e familiares chegados??? Estaria de mãos vazias... Sou uma mulher de fé, alegre e de bem com a vida porque, nos bastidores, há uma imensidão de anjos, lembrando-me tanta coisa que eu sorrio sozinha. No Natal, outrora a mesa tão preenchida, hoje, é masiado grande de tão vazia que está. Só dois lugares: eu e o meu filho, numa sala decorada completamente com o espírito natalício e uma mesa bonita, como a minha mãe gostava. Benditas as lembranças que iluminam minhas noites e meus dias!! Um beijo grande Graça

Marcone França disse...

Olá Stella,
Seria maravilhoso se podessemos escolher sempre aquilo que irá nos afetar, que lembranças teremos.
Mas como nem sempre isto é possível... chorando quando for de chorar, sorrindo quando for de sorrir, mas sempre seguindo.

Abraço!
Bom final de semana.

Sonia Schmorantz disse...

É um texto tão envolvente, tão bonito!
Lindo final de semana para ti
beijo

DOIDINHA DA SILVA disse...

Nossa, achei lindo este post...
Emocionante pra caramba, viu ?

DIABINHOSFORA disse...

As lembranças...as boas e as más...são o nosso passado. Quem seríamos nós sem passado?

Beijinhos e tenta recordar mais as coisas boas :))

Adriana Riess Karnal disse...

Stella,
embora a lembrança seja triste, ela ´´e a mesmo tempo bela, pois vc e sua mãe foram felizes.A vida é assim, e q bom q levou-a de uma maneira sublimada, a escrita.Gostei de se blog

Lara Amaral disse...

Lindo texto. Nem sei o que seria de mim se eu perdesse minha mãe... Mas uma hora a gente é obrigado a crescer, né?
Obrigada pelo comentário em meu blog. Fiquei feliz com sua visita. Beijos!

vieira calado disse...

Amiga!

As lembranças (por vezes a saudade)

misturam-se inexoravelmente com o presente.

Desejo-lhe boa semana de trabalho

(sentada) num banco.

Também já fiz o mesmo!

Bjs

cristinasiqueira disse...

Oi Stella,

A dor nos humaniza e transcendê-la nos torna anjo.
Estou lendo seu livro em pedacinhos.
Sua alma aberta em panorama inteiro.
Vida se escrevendo ,construindo a si
em arrimo de palavras.

Com imenso carinho,

Cris

PS-Aguardo sua visita no cristinasiqueira tem nova postagem

Pena disse...

Estimada e Simpática Amiga Escritora:
"...Existem momentos na vida em que temos que fazer opções importantíssimas, necessárias. Foi em um desses momentos da vida que tive que tomar uma decisão assim, fundamental e com uma precisão cirúrgica. Uma cirurgia de alma, diria, quando decidi "enterrar minha infância a sete milhões de palmos da terra". Justamente por ela ter sido tão especial, permeada por tanto carinho que vinha de uma mãe que nem precisava de falar para que nos entendêssemos, seis irmãos dos quais eu sou a caçula e um pai que admirava profundamente pela sua aguçada inteligência, intimidade com as palavras, retidão de caráter e um nome que, por pura honestidade, abria qualquer porta..."

Notável. Admirável. Fabulosa.
Oh, Fantástica amiga, que maravilha. Notável.
Beijinhos amigos de imenso respeito.
Sempre a lê-la e a relê-la com encanto...

pena

Extraordinária!

Everson Russo disse...

Uma semana muito linda pra ti querida...beijos no coração.

Unknown disse...

conhecer seu blog! E neste texto eu me encontrei sou assim como diz ele: ardo em febre nas lembranças, parece-me que vivas estão!e como é dificil estarmos distante de quem amamos não é? Parabéns pela volta por cima.estarei te seguindo, visite-me, bjs

Luna disse...

Stella
Antes de mais quero dizer que temos duas coisas em comum, uma é que tens o nome da minha filha, outra é que também sou bancaria, quanto ao teu poste, as lembranças sempre vivem em nós elas são parte do livro da nossa vida mas chega um momento que devemos de as guardar numa caixinha e só de vez em quando a abrirmos porque sempre vamos rir e chorar ao relermos as folhas já escritas da nossa vida
beijinhos

Por toda minha Vida disse...

Oi Stella.

Estou muito feliz por ter passado aqui, falar do que você escreve nem pensar, nada sou além de uma adimiradora sua.

Beijos

Renata

Unknown disse...

O grande valor das lembranças são quando elas suavizam nossas mentes, e não permitem mais que sejamos dominados por lembranças que nos fazem sofrer.
Deus é o grande consolador.
Beijos.

Por toda minha Vida disse...

Bom dia, Stella.
Muito obrigada pelo carinho e muito me honra tê-la em meu espaço. Alegria foi criado para que eu pudesse escrever sobre tudo que gosto, sem pretensões de querer ser escritora, mas enquanto artista plástica acredito em toda arte e escrevo, escrevo muito. Um dia quando achar que devo pensarei em reunir tudo e publicar. Volte sempre (frase de saída de loja) e muito obrigada.
Beijo
Renata Vasconcellos.