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Romance escrito em tempo real

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Quando o consumismo se torna uma muleta para as nossas inseguranças:

Eliana – São Paulo - Brasil


Na primeira crise que enfrentei senti um vazio imenso. Todo lugar que eu ia, independente se fosse uma festa, uma reunião de família, viagem, onde eu estivesse aquela sensação de vazio, impotência me acompanhava. Foi aumentando, crescendo, uma verdadeira bola de neve. Lembro-me da primeira vez que ao sentir assim, entrei no shopping e estourei o meu cartão de crédito. Saí de lá totalmente aliviada! Havia descoberto a América! Toda vez que me sentisse assim era só dar um pulinho no shopping e lá comprar a minha auto-estima e ainda levaria de quebra a paz. O que eu ainda não sabia era como passava rápido aquele efeito. Algum tempo depois, sentia um arrependimento tão profundo que suplantava qualquer alegria que, por ventura, tivesse sentido enquanto comprava. Algumas roupas nem tirava da sacola da loja e, muitas vezes, o que me consolava era quando pensava, tão logo tenha algum aniversário de uma amiga, o presente já estará comprado, mas dependendo do meu estado de espírito, tudo que eu queria era
livrar-me logo daquele peso de consciência e acabava dando de presente para a primeira pessoa que tivesse o mesmo manequim. O normal seria que após o desvario e suas conseqüências, eu nunca mais cometesse um ato como aquele. Seria muito bom se fosse assim... Com o passar do tempo voltei a buscar por algum alívio, alguma forma de me sentir gente, uma mulher e de preferência bonita e bem vestida. Decidida e em posse do meu talão de cheques, escolhi desta vez não comprar roupa, mas roupas de cama e objetos de decoração para o meu quarto. Que tipo de depressão, baixa auto-estima, o escambal a quatro, resistiria a um quarto bem decorado, toalhas felpudas... Comprei tudo que acreditava precisar, mais que isso, ser indispensável para uma vida feliz e equilibrada.
Desta vez o arrependimento não esperou que eu chegasse em casa com as sacolas. Entrei em casa aos prantos. Realmente, auto-estima não se encontra em araras, prateleiras e vitrines. Descobri naquele momento que sozinha não venceria. Desci do salto e decidi enfrentar as minhas dificuldades. Tem quase um ano que freqüento um grupo de terapia de ajuda e sinto-me muito bem, nunca mais tive recaídas, mas como aprendi lá é preciso viver um dia de cada vez. Sei que HOJE não me entreguei ao consumismo. E isso já é motivo mais que suficiente para que eu me sinta feliz e equilibrada.

Depoimento enviado através do email: manualdoinseguro.yahoo.com.br

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